quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A SITUAÇÃO COMUNICATIVA


     Ao retomar a leitura de “Aspectos gramaticais, notacionais e os gêneros",                                  especificamente nesse trecho, vejo como enriquecimento para uma reflexão:
... “a situação comunicativa implica escolhas de gêneros textuais que se materializarão em textos. Os aspectos linguísticos, sejam eles notacionais ou gramaticais, estão inseridos nessas produções. Nas definições de gêneros, costuma-se associar as escolhas linguísticas aos aspectos de “estilo” associados a cada gênero”.


 Afirma Possenti:  “o falante tem sua gramática internalizada, muitas vezes inconsciente, esse processo de internalização se deu pelo contato com os gêneros e suas materializações. Talvez a inconsciência nesse processo, no entanto, especialmente em se tratando das situações mais formais de comunicação, se refletem na inadequação de algumas escolhas a determinados gêneros”.


O ENSINO DA LINGUAGEM ORAL

O texto “O desenvolvimento e o ensino da linguagem oral: a necessidade de ficcionalização”, de Bernard Schneuwly (2011, p. 143-146).

 Conforme o autor: As formas cotidianas de produção oral funcionam em especial nas crianças, principalmente na forma de reação imediata a palavra dos outros interlocutores presentes; a gestão da palavra é, portanto, coletiva; a palavra do outro constitui o ponto de partida da palavra própria. Embora igualmente inscrita numa situação de imediatez, pelo próprio fato de que a produção oral se dá, em geral, em presença de outros na forma dialogal, segundo as situações, as formas institucionais do oral implicam outros modos de gestão que são essencialmente individuais: o que será dito não se elabora.  Mas necessita de uma preparação, em modalidades diversas, que entra em interação com o processo de produção em situação, a palavra alheia não é somente aquela imediatamente presente, mas ao mesmo tempo, aquela proferida antes,  por outros não presentes, aos quais igualmente se dirige: a da instituição e a de seus membros e representantes.



TEXTOS LITERÁRIOS E SUA INTERPRETAÇÃO

        MGME - Aprofundamento de Conteúdos e Metodologias - Língua Portuguesa - 1a edição/2013
“... a obra literária clássica não deve ser vista como um livro antigo e fora de moda, mas como um livro que nunca sai de moda. Como mostrarmos aos nossos alunos que um livro escrito há mais de um século pode ainda estar de moda?  O mundo atual nos oferece uma grande variedade de gêneros textuais, os quais lemos a todo momento. Com a tecnologia, os nossos alunos estão acostumados ao imediatismo e ler um livro não é algo tão imediato. Sabemos que há adolescentes/crianças que gostam de ler Harry Potter, saga do Crepúsculo, entre outras obras. Mas e os livros e autores clássicos? Como é a recepção dessas obras pelos alunos”?
 Na leitura de textos literários e na sua interpretação, as interpretações de Iser Wolfgang e Eni Orlandi, são bastante pertinentes para essa reflexão e com embasamento nesse contexto teórico as transcrevo:
 Iser Wolfgang” insistiu  fortemente no fato de que um mesmo texto pode ser objeto de leituras diversas, contrastantes, que não há interpretação “correta” de uma obra que tenha de se impor, que todo texto é por definição polissêmica e ambígua, rica de numerosos “potenciais de significação”, não esgotadas pelo leitor que se nutre de interpretações múltiplas e variadas. No entanto, as interpretações não são infinitas. O texto, por sua estrutura e seu conteúdo a um só tempo explícito e implícito, guia a imaginação do leitor, controlando-a. A leitura é um processo que alterna liberdade, criação e coerção”.(HORELLOU-LAFARGE, Chantal; SEGRÉ, Monique. Sociologia da leitura. São Paulo: Ateliê Editorial, 2010, p.139)
“A pluralidade aparece novamente nesse contexto, centrado nos aspectos interpretativos”. Na citação, o termo “interpretar” pode ser entendido como uma grande competência, que exige do leitor o cruzamento de informações, a formulação de hipóteses de sentido, coerentes com o texto e suas proposições, porém nunca observadas como resposta singular a um questionamento. Uma interpretação, a partir desse viés, será sempre uma possibilidade de entendimento, certamente acompanhado de outros.
Para Eni Orlandi, “a interpretação está condicionada a algumas determinações, desse modo, os sentidos de um texto, a partir de um questionamento posto, se constituirão cercados por algumas determinações sociais”.
 E para que a língua faça sentido é preciso que a história intervenha. E com ela o equívoco, a ambiguidade, a opacidade, a espessura material do significante. Daí a necessidade de administrá-la, de regular as suas possibilidades, as suas condições. A interpretação, portanto, não é mero gesto de decodificação, de apreensão do sentido. Também não é livre de determinações. Ela “não pode ser qualquer uma e não é igualmente distribuída na formação social”. (ORLANDI, Eni. Interpretação; autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Campinas: Pontes, 2004, p.67)
   “As duas definições, de Wolfgang e Orlandi, de certa forma, reforçam uma mesma ideia: há um componente polissêmico na leitura; essa polissemia, no entanto, está sujeita a determinações, marcadas pelo texto e pelos valores que a ele se associam no processo histórico da cultura e a literatura está associada a esse processo”, por isso se faz tão necessária a sua exploração em sala de aula".



REESCRITA


Conforme   embasamento teórico: “O terceiro conceito de reescrita dialoga com o conceito de autor. Para que um escritor, seja ele profissional ou pessoa comum, elabore seu texto, e esse objeto se torne algo interpretável dentro de um contexto (ou, como afirma Riolfi, seja uma “peça homogênea”), é preciso entender a escrita como um processo de idas e vindas, em que o produtor se afasta de seu escrito e manipula a linguagem escrita em busca de determinados objetivos. Se ele quer, por exemplo, escrever um e-mail amoroso, deverá pensar em quem receberá o texto, nos sentimentos que pretende expressar, esperando que atitude de seu interlocutor, em que momento de contato pessoal está entre outras questões possíveis. Ao refletir sobre elas e mexer em seu texto, o autor consegue produzir um texto que faça sentido dentro do contexto”.